Ricardo Couto

O portfolio deve ser entendido como um grande diferencial por profissionais de design. As outras profissões, em sua maioria, não tem uma forma clara e objetiva de apresentar suas qualidades técnicas. Ou você já viu um contador apresentar um portfolio? Ou um médico apresentar um portfolio? Nem gosto de pensar nisso. Enfim, nós temos e podemos nos apresentar não só pelas passagens profissionais e conquistas que tivemos – geralmente isso está no currículo, mas também pelo portfolio.

Fato é que alguns portfolios brilham mais do que outros e aqui eu listo alguns pontos que fazem com que esse brilho aconteça:

Conte uma história com começo, meio e (em especial) fim

Falar sobre Storytelling já nem deveria ser recomendação, já é regra. Óbvio que você tem que contar a sua jornada na resolução de um problema. Conte de onde iniciou o problema e como se desenvolveu. Porém, nada pior do que assistir a um belo filme, com uma ótima narrativa e acabar a luz faltando 10 minutos pro grande desfecho. Conte o fim! E o fim não é a interface. O fim não é o resultado da pesquisa. O fim é o impacto que isso causou no negócio, na organização, no projeto, no cliente ou nos usuários do produto/serviço. Não se esqueça, se você fez tudo certinho mas isso não dá resultado, provavelmente não estava tão certinho assim. Ou, se você não se interessou pelo que aconteceu depois “das telas serem entregues pra equipe de desenvolvimento”, eu teria dúvidas sobre você estar mais interessado na beleza do resultado do que no resultado em si.

Deixe espaço para a descoberta

Conte o que você conseguiu descobrir com a pesquisa com usuários, com workshops ou com qualquer outro método que tenha executado mas sem detalhes minuciosos. Faça com que quem estiver lendo seu portfolio tenha curiosidade de te perguntar “Como você chegou nessa informação?” e desperte a vontade de saber mais sobre o método que utilizou ou como você atuou. Guarde o melhor pro momento adequado.

Seja sucinto

Dizem por aí que uma imagem vale por mil palavras. Não sei. Mas sei que 200 palavras num portfolio vale muito mais que 2.000.  Nada de 10 parágrafos só pra falar do teste de usabilidade que você fez! Coloque-se no lugar da pessoa que irá te contratar. Menos é mais. Tempo é um recurso muito precioso pra se gastar lendo textões num portfolio com dezenas de projetos. Ainda não conheci quem se aprofundasse nos mínimos detalhes em mais de dois projetos presentes num portfolio.

Existem diversos outros aspectos mas são esses três que eu considero mais críticos. De forma geral, conte uma história rica e interessante, deixando espaço para o contratante querer te conhecer. Sabe aquele filme que você fala dele por anos de tão marcante justamente por deixar uma ponta aberta? Pense no filme Inception. Aquele final, era real ou imaginação? Faça isso e qualquer contratante vai querer, no mínimo, te conhecer.

Você precisa ter sempre mais a oferecer do que o que está no portfolio. Ele deve ser apenas sua porta de entrada para uma entrevista ou para o início do convencimento para que um possível cliente queira te contratar.

Assim como você se veste um pouco melhor quando vai à uma entrevista, dê uma boa caprichada no seu portfolio. Ele é uma parte de você, é a representação do que você pode oferecer.


Ricardo Couto é Product Design Team Leader na Lendico, professor, palestrante e Local Leader da IxDA São Paulo